Banco Central mantém juros em 15% e sinaliza cautela diante de cenário global incerto

Tatyane Estevão
Analista de planejamento
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, encerrando um ciclo de sete altas consecutivas. A decisão, que já era amplamente esperada pelo mercado, veio acompanhada de um comunicado que reforça a cautela do órgão frente ao cenário internacional e às incertezas fiscais no Brasil.
No texto, o Copom destacou preocupação com as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e avaliou que o ambiente externo está mais adverso. A instabilidade gerada pela política econômica americana, especialmente nas áreas comercial e fiscal, tem exigido atenção redobrada de economias emergentes como a brasileira.
Apesar de reconhecer que a atividade econômica vem demonstrando um ritmo mais moderado, o Banco Central afirmou que o mercado de trabalho ainda segue aquecido. Em meio a esse cenário complexo, o comitê avaliou que uma política monetária mais restritiva precisa ser mantida por um período prolongado para garantir o controle da inflação.
A taxa Selic em 15% é o maior patamar registrado desde julho de 2006, quando a taxa atingiu 15,25%. O Copom indicou que, caso o cenário previsto se mantenha, a tendência é seguir com esse nível de juros nas próximas reuniões para avaliar os impactos acumulados das medidas anteriores.
O objetivo do Banco Central com a taxa básica de juros é conter a inflação e garantir que ela fique dentro da meta estabelecida. Desde o início de 2025, o sistema de metas passou a ser contínuo, com o centro da meta em 3% e uma margem de tolerância entre 1,5% e 4,5%.
Com as projeções de inflação ainda acima desse intervalo, a autoridade monetária segue vigilante. Em junho, após seis meses seguidos com inflação acima da meta, o BC chegou a divulgar uma carta pública explicando os motivos do desvio.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 16 e 17 de setembro. Até lá, o Banco Central seguirá monitorando os indicadores econômicos e poderá fazer novos ajustes caso o cenário interno ou externo se deteriore.
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