Redução de 36% no tamanho dos imóveis do Minha Casa Minha Vida muda padrão habitacional

Tatyane Estevão
Analista de planejamento
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Os imóveis populares estão ficando cada vez mais compactos no Brasil. De acordo com dados do Secovi-SP, a área média dos apartamentos de dois quartos, principal modelo oferecido pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), caiu de 58 m² em 2004 para apenas 37 m² em 2024. Isso representa uma redução de mais de 36% no espaço interno em duas décadas.
A mudança reflete um movimento do mercado para adaptar os empreendimentos aos limites de financiamento do programa, em meio à alta dos preços dos terrenos e ao aumento dos custos de construção. Com isso, as construtoras têm apostado em unidades menores, mais enxutas e funcionais.
Por outro lado, essa redução dentro dos apartamentos veio acompanhada de um reforço nas áreas comuns dos condomínios. Hoje, é cada vez mais comum encontrar empreendimentos populares com salão de festas, espaço kids, áreas de convivência, bicicletários e até coworkings. A ideia é compensar a metragem reduzida das unidades com mais espaços compartilhados e funcionais para os moradores.
Apesar disso, especialistas alertam que o encolhimento dos apartamentos também traz desafios para a qualidade de vida. Menos espaço exige mais planejamento, móveis multifuncionais e adaptações no dia a dia. Além disso, cresce a necessidade de pensar em infraestrutura urbana no entorno, para que esses empreendimentos ofereçam não só moradia, mas bem-estar.
O Minha Casa, Minha Vida continua sendo uma das principais portas de entrada para a casa própria no país. O desafio agora é garantir que, mesmo com menos metros quadrados, os imóveis sigam sendo espaços de conforto e dignidade.
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