Selic segue em 15% e o Banco Central pisa no freio da economia
Tatyane Estevão
Analista de planejamento
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O Banco Central decidiu, pela quarta vez seguida, manter a taxa Selic em 15% ao ano, o maior patamar dos últimos 20 anos. A mensagem é clara: em um cenário de inflação ainda pressionada e contas públicas desequilibradas, não é hora de aliviar os juros. Enquanto a inflação oficial começa a se aproximar do teto da meta, a inflação de serviços gira perto de 6%, o que preocupa o BC porque indica que preços ligados ao dia a dia, como corte de cabelo, restaurantes e outros serviços, ainda sobem com força.
A lógica por trás da decisão é esfriar a economia. Com juros altos, o crédito fica mais caro, o consumo desacelera e o PIB já sente esse efeito, com crescimento de apenas 0,1% no terceiro trimestre. O próprio Banco Central fala em um ambiente de “elevada incerteza” e reforça a necessidade de cautela. Na leitura dos economistas, o recado nas entrelinhas é que a inflação está cedendo, o mercado de trabalho começa a perder fôlego, mas ainda não o suficiente para justificar cortes de juros.
Outro ponto central do debate é o gasto público. Especialistas lembram que seria muito mais fácil ter juros mais baixos se o governo ajudasse no controle da inflação, segurando o crescimento das despesas, principalmente as chamadas despesas obrigatórias, que crescem independentemente do momento econômico. Sem esse ajuste fiscal mais claro, o BC acaba fazendo quase sozinho o trabalho de segurar a inflação, mantendo a Selic lá em cima por mais tempo.
Para o mercado em geral, inclusive o imobiliário, o recado é de atenção redobrada. Juros altos significam crédito mais caro, financiamentos mais pesados e decisões de investimento mais lentas. Enquanto não houver um sinal mais firme de melhora nas contas públicas, a tendência é o Banco Central seguir segurando a tesoura e evitar cortes mais agressivos na taxa de juros.
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