Galpões da ‘última milha’ viram alvo de disputa entre gigantes do e-commerce

Tatyane Estevão
Analista de planejamento
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Quem compra online já percebeu: a entrega está cada vez mais rápida. O que pouca gente vê é a estrutura por trás dessa agilidade os chamados galpões de última milha, empreendimentos instalados próximos aos grandes centros urbanos e que se tornaram peça-chave na estratégia de gigantes como Mercado Livre e Shopee.
De acordo com levantamento da Newmark, o estoque desse tipo de imóvel em São Paulo quase dobrou desde 2020, impulsionado pela explosão do e-commerce durante a pandemia. Hoje, já são cerca de 1,3 milhão de m², mas a oferta segue insuficiente diante da demanda crescente.
O Mercado Livre lidera a ocupação, com aproximadamente 100 mil m², seguido pela Shopee (60 mil m²) e pela JBS (54 mil m²). Esses espaços, geralmente localizados próximos a vias estratégicas como as marginais e o Rodoanel, permitem entregas mais rápidas e transformaram-se em um diferencial competitivo para as empresas.
Ainda assim, o setor enfrenta obstáculos. Quase 40% dos galpões disponíveis são imóveis isolados e defasados, com pé-direito baixo, poucas docas e infraestrutura limitada para operações modernas. O resultado é uma taxa de desocupação de 19%, bem acima da média geral de 11,8%.
Na prática, o avanço dos galpões da última milha mostra como a logística está redesenhando o mercado imobiliário. Para o consumidor, significa prazos de entrega cada vez mais curtos. Para as empresas, uma verdadeira disputa por locais estratégicos que podem definir quem ganha ou perde espaço no e-commerce.
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